Puerto de La Musica:
“Ao projetar este teatro para Rosário, na Argentina, a minha preocupação foi manter duas soluções arquitetônicas que venho adotando quando se trata de um teatro. Primeiro, garantir que o espetáculo não se limite aos que estão na platéia, mas também alcance os que de fora - 20 ou 30 mil - possam dele participar. Solução que me espanta não ter sido adotada há mais tempo, conferindo ao teatro outra importância.
A outra solução, que não canso de repetir em todos os meus projetos, consiste em levar o espetáculo diretamente ao foyer e à sala de espetáculos - o que evita obrigá-lo a uma circulação mais longa e desnecessária. Preocupou-me também dar ao novo teatro uma forma diferente, criando a surpresa arquitetural com que procuro caracterizar a minha arquitetura.”
Museu Oscar Niemeyer:
“Era um prédio construído 40 anos atrás, suspenso em pilotis, com vãos de 30 e 60 metros e as fachadas cegas como a iluminação zenital adotada permitia. Era tão leve e atualizado que surgiu a idéia de transformá-lo num museu de arte. E isso explica o grande salão projetado, solto no ar, com 70m de comprimento e 30m de largura. As rampas de acesso indispensáveis, e o novo museu a exibir com sua forma diferente os milagres que o concreto armado oferece à arquitetura contemporânea.”
“A idéia é transformar um edifício que projetei muitos anos atrás num grande museu, metamorfose que, para surpresa minha, não apresentou maiores problemas. Será tão bem sucedida que o museu imaginado constituirá, sem dúvida, uma obra espetacular.”
Auditório do Ibirapuera:
“Para a entrada do Parque Ibirapuera foi sempre prevista uma praça, tendo em cada lado um edifício - a cúpula destinada a exposições e o Auditório.
Uma praça importante, com o piso coberto de placas de concreto. A cúpula foi o primeiro prédio a ser construído, uma forma pura toda pintada de branco. E foi para preservar a unidade arquitetônica da praça que procurei fazer o Auditório com a forma igualmente simples: um triângulo pousado na praça.
A marquise que servia de entrada ao Ibirapuera ficou como que cortando a praça em duas. E, como é imprescindível eliminar tal desacerto, pedi que uma parte dela fosse suprimida, dando-lhe uma forma arquitetônica mais bonita. Contrariar o que proponho, mantendo a praça dividida em duas, é desmerecer o Parque Ibirapuera, tão importante para São Paulo.”
Museu de Arte Contemporânea – MAC:
“Quando comecei a desenhar este museu, já tinha uma idéia a seguir. Uma forma circular, abstrata, sobre a paisagem. E o terreno livre de outras construções para realçá-la. Não queria repetir a solução usual de um cilindro sobre o outro, mas caminhar no sentido do Museu de Caracas, criando uma linha que subisse com curvas e retas do chão à cobertura. Seria um Museu com salão de exposição cercado de paredes (retas) - não o desejava envidraçado - mas com saídas para a galeria externa que o circundaria, integrando-o no panorama magnífico. Como muitas vezes acontece, essa solução teria um apoio central sustentando apenas o salão de exposição.”
Teatro Popular:
“O acesso a este teatro é feito por uma extensa rampa, que como um passeio na arquitetura, vai mostrando aos visitantes a forma nova e surpreendente que ele apresenta. Além da platéia prevista para 500 indivíduos, a parede de fundo do palco pode abrir-se inteiramente, permitindo que o espetáculo possa ser visto, do exterior, por mais de 10.000 pessoas.
A nossa preocupação de ligar a arquitetura com as artes plásticas prevaleceu neste projeto. No hall de entrada, é um enorme croqui mostrando o povo a se manifestar em defesa de seus direitos tantas vezes esquecidos. Externamente, na fachada principal, são mulheres a dançar, alegres, sobre os azulejos amarelos.”
Fonte: http://www.niemeyer.org.br
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